12.9.10

Palavras surdas... Olhares cegos... Gestos estáticos..



Perco-me na imensidão das palavras que, apesar de infinita, me limita. Assim, apenas construo um ténue esboço formado pelas simples palavras que emergem dos meus pensamentos voláteis e que assolam a minha mente confusamente confusa. Estas frágeis palavras perdem-se num amontoado metafísico de questões ainda por responder. Vagueiam lenta e livremente em direcção ao infinito para não mais serem alcançadas, detentoras da sua irracional liberdade. Não as alcanço pois o perigo que lhes é inerente me perturba. Não a sua essência pura mas sim a sua finalidade e contextos. Ou será somente medo das palavras que poderei ouvir em retorno ou da mudança que delas poderá advir?
Indubitavelmente, o presente (e o futuro) são sinónimo de mudança. Sei que se aproximam inúmeras mudanças inevitáveis. Aliás, já começaram a insinuar-se lentamente na minha mente, nos meus gestos e nos meus pensamentos e sei que é impossível esconder-me de tudo isso. Mas há uma duvida que se sobrepõe a todas as outras: será que esta na altura de dizer as palavras que não ousei dizer? Sei que nada poderá compensar o tempo perdido mas será esta a altura certa para expressar as palavras e lágrimas estupidamente guardadas, as histórias, lembranças e recordações do passado? Ou não existem alturas certas e andei enganada, inutilmente, à espera que surgisse esse momento?  Talvez seja mais acertado dizer apenas adeus... Mas será que consigo ver-te partir em silêncio sem dizer as palavras que guardei inutilmente para mim e que tu parecias querer ouvir? Não...     Não suporto mais esse silêncio preenchido por palavras que quero que oiças e que não consigo dizer. Porque sei que o silêncio mais amargo é o das palavras que nunca foram proferidas.

Futuros adiados, desencontros e despedidas

        
 E agora? 

O que acontece quando tudo o que investiste para concretizar os teus sonhos e ambições se desvanece subitamente no ar e descobres que todo o trabalho e esforço dedicado foi em vão? E todas as pessoas que sei que me podem ajudar a  ultrapassar tudo vão partir em breve... para longe. Para mais longe do que eu posso suportar. Como é que vou enfrentar este novo dia-a-dia rotineiro e entediante povoado com os mesmos rostos vazios e inexpressivos, sabendo que não vou poder encontrar o meu velho refúgio na protecção dos teus braços e na tranquilidade do teu olhar? 
Tenho por perdido o que julgava certo e o futuro por nós idealizado já é passado, porque sempre quisemos acreditar que íamos caminhar lado a lado neste trilho incerto da vida, nesta fase de transição para o futuro. Mas há caminhantes e caminhos, aspirações e aspirantes, lances de azares e outros de sortes. E no final todos os planos inocentemente pensados não são mais do que um rasto luminoso no horizonte, um simples vestígio  do que poderia ter sido. 
E porquê? Porque é que insisto em deixar ser apanhada neste emaranhado intrincado de planos ousados e aspirações infundadas? Porque é que continuo a perseguir estas ilusões idiotas que inconscientemente sei que nunca serão realidade? Não consigo compreender... E agora este futuro, aparentemente distante, deixou de o ser para inevitalmente se tornar no presente.O tempo abateu-se cruelmente sobre mim, deixando-me  impotentemente a caminhar em círculos e obrigando-me a observar todos os outros partir. 
Talvez para o ano possa ser eu percorrer esses novos caminhos... Talvez...

foto: http://www.flickr.com/photos/88954196@N00/2632215226/


20.8.10

Incoerências


Deixa-me esquecer, liberta-me das tuas palavras e dos grilhões que me prendem a esta ilusão absurda. Quero poder fugir desse teu gesto singelo que eu tanto quero compreender.
Faz ou desfaz o meu coração sem piedade, eu imploro-te. Acaba com todas estas incertezas que me sufocam. Não aguento ficar mais à espera de uma resposta, de uma certeza. Preciso de saber. Agora.  Porque o tempo esta a perder significado para mim, nesta sucessão interminável dias vazios, sem qualquer sentido.
Explica-me porque me arrastaste neste jogo de palavras em que eu, ingenuamente, quis (e quero) acreditar. Tu que gostas tanto de palavras, diz-me o porquê deste ardor doentio que se recusa a desaparecer. Disseste-me que o tempo atenua a saudade e eu fiquei à espera. Eu acreditei em ti, mas o tempo passou e a saudade continua.  Porque é que me deixaste acreditar nas tuas palavras vagas? Eu estava cega e tornei-me um bicho irreal, escrava dos meus próprios sonhos e de ilusões infundadas e absurdas. E agora eu, ou a sombra do que pensei ser, deambula pelas escuridão das ruas, sem rumo.
Mas, apesar de tudo o que (penso que) mudou sei que valeu a pena ousar questionar certezas incertas. Já valeu a pena que me resgatasses à minha tristeza em muitos dias sombrios... Podes não ter percebido ou, então, não quiseste ver os sentimentos que despertaste em mim, mas sei valeu a pena. Todos os momentos fugazes, os sorrisos, as palavras valeram a pena, para mim.

Entretanto, espero...

...por ti.

foto: http://jjap.deviantart.com/gallery/#/dgild1